quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

PESQUISA SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM SANTA CATARINA É CHANCHADA

"(...) a pesquisa parece DIZER TUDO aos que interessa e REFLETIR EM NADA aos que realmente precisam."
Tem coisa que a gente precisa se orgulhar, tem coisas que precisamos ajudar construir e tem aquelas que a gente precisa questionar sem desqualificar, ou então destruir mesmo. Falo isso pra me ater a pesquisa publicada no Diário Catarinense no inicio desta semana. Pra mim, por si só a pesquisa parece uma grande Chanchada que eu daria nota abaixo dos quesitos avaliados pois a amostra colhida tem caráter de ficção. Para além disso, as diversas interpretações acerca da mesma uma violência a "Razão Sábia" e um culto aberto a "Razão louca".

Digo isso porque tudo pode piorar, quando a gente encontra na página de uma emissora rádio da cidade um texto com caráter de oportunismo leviano requentando os dados fictícios. A gravidade aumenta com a emissora de televisão no jornal do almoço fazendo ufanismo fascista com os mesmos dados vomitando: “Chapecó é apontada como segunda cidade em qualidade de vida” no estado! Qual Chapecó e qual Estado? - Aqui podemos supor que uma atitude “publicista” assim pode acenar pra duas questões: ou a imprensa local é ingênua propositiva, “manipulada e manipuladora”, ou bandida demais mesmo, fazendo questão de mostrar sua face suja e a serviço do que estão.

PRIMEIRO que os dados apresentados em tal pesquisa demonstram que Chapecó não foi além do quesito "REGULAR" (nenhum Bom ou Ótimo) nos principais dados da "Amostra" e na soma geral das cidades em quesitos como SAÚDE e SEGURANÇA ficou na casa do Péssimo. SEGUNDO que afirmar que 73,2% da população de Chapecó considera os índices pesquisados como “ótimo” e “bom” é propaganda falaciosa, irreal, é metafísica numérica que não cabe no exposto. 

A pesquisa é péssima... imprecisa, burlesca e favoreceu apenas o proprietário do instituto que deve ter recebido bem pra fazer. Afinal jogar dinheiro público fora virou prática costumas que geralmente não entra em dados de pesquisas. Mas esses dados apresentados sobre Chapecó são facilmente desconstruído. Principalmente por alguém que aqui nasceu, cresceu e acompanha minunciosamente o que se passa na cidade há 39 anos. Vejamos:

- SEGURANÇA PÚBLICA … não dá pra engolir dados positivos sobre segurança numa cidade como Chapecó que no ano de 2013 já bateu recorde de assassinatos, centenas de tentativas de homicídios, centenas de ocorrências por assalto, brigas, ameaças, porte de armas, tráfico de drogas e influência; 

- SAÚDE PÚBLICA… não dá pra falar que está tudo bem, quando as mães precisam passar horas numa fila do Hospital Municipal da Criança sem atendimento, ou ainda a gente vai marcar consulta de retorno com especialista e ai te dizem que a “cota de gasto da semana acabou”, tenta na próxima;

- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE… não dá pra falar em sustentabilidade e preservação ambiental numa cidade que permite a derrubada de Araucárias e Aterro em Áreas de Preservação Ambiental com mananciais de água do Aquífero Guarani;

- MORADIA... não dá pra ter tanta cara de pau em avaliar positivo e qualitativo a questão da Moradia quando o governo municipal além de não fazer uma só casa não solucionou os inúmeros problemas das áreas irregulares. Mas permitiu a abertura de dezenas de loteamentos de seus apadrinhados mesmo em áreas de preservação. Foram esses os entrevistados?

- TRANSPORTE, TRANSITO E MOBILIDADE URBANA... não dá pra apontar dados qualitativos no Transporte público, Trânsito e Mobilidade, quando o transporte é caro de péssima qualidade. No trânsito vai acentuando o caos, e a mobilidade urbana reduzida num calçadão político/estético no centro da cidade. Some-se a isso os quilômetros de calçadas irregulares e desrespeito ao direito dos deficientes.

- CULTURA, LAZER E ESPORTE... não dá pra conceituar qualidade cultural avaliando desfile de carros pela avenida nos finais de semana com péssima música e poluição sonora. Ou ainda, citando um Centro de Eventos a serviço da burguesia faceira e rasteira. E muito menos vincular ''Lazer e Esporte'' meramente ao clube verde série A! 

- ACESSO A COMUNICAÇÃO... não dá pra falar que temos acesso a comunicação, só porque se tem uns programas de rádio tendencioso, jornais impressos que vivem do dinheiro público, ou porque temos 50 mil pontos de acesso pra internet ligados na cidade ao custo de quedas constantes. Isso pra não citar a massiva comunicação fascista vinculando as cores partidárias aos prédios públicos da cidade. 

- EDUCAÇÃO... não dá pra falar em educação qualificada com escolas caindo sobre os alunos, professores em Greve, falta de creches. - Educação de qualidade se mede com resposta qualitativa na produção de ciência e emancipação social e não por reprodução fabricado de dados ideológicos;

- TRABALHO E RENDA... uma coisa é ter vaga de emprego e outra é uma política de valorização e assistência ao trabalhador. Pois uma cidade que apresenta milhares de trabalhadores mutilados por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, não pode medir qualidade e renda ao trabalhador;

- INFRAESTRUTURA... não dá pra falar em infraestrutura medindo o acesso a elas apenas por uma seleta camada social da cidade. Quando escolas estão caindo por falta de reformas, ruas esburacadas, falta de creches, Ciclovias, Praças de Lazer e viaturas para polícia trabalhar.

De tudo isso o que sobra é a minha vergonha ao me dar conta do quanto tempo gastamos justificando as pessoas que conhecemos há quilômetros daqui pra não se iludirem porque não somos a “Suíça Brasileira” como tanto se tenta vender. Somos um estado de pessoas que batalham pra vencer na vida honestamente, muito diferente dos que passam a vida vendendo o desonesto e falacioso. 

Enfim! Eu quero minha cidade cada vez melhor, mas com a certeza de que ela é real e não fictícia, pois para mim a referida pesquisa parece DIZER TUDO aos que interessa e REFLETIR EM NADA aos que realmente precisam. Mas pra deixar ela mais completa arrisco dizer que faltou avaliar um quesito que faço agora - FALTA DE VERGONHA (nota 10). E viva a sangria de dinheiro público! 

Neuri Adilio Alves
Professor, Filósofo e Pesquisador 

Nota de rodapé:
…..........................................................................................................................................................

A título de curiosidade reproduzo as notas recebidas da CHApecó Gráfica, e não a XApecó real:

ÓTIMO (5)____BOM (4)____REGULAR (3)____RUIM (2)____PÉSSIMO (1) 

- Moradia........................................................................................................................ 3,5
- Infraestrutura ............................................................................................................ 3,5
- Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente ...................................................... 3,2
- Moradia.................................................................................................................... 3,9
- Acesso a Comunicação ............................................................................................ 3,5
- Segurança Pública..................................................................................................... 3,1
- Trabalho e Renda ......................................................................................................3,5
- Transporte, Transito e Mobilidade Urbana................................................................. 3,0
- Cultura, Lazer e Esporte.............................................................................................3,5
- Saúde........................................................................................................................3,0 


Experimenta digerir você também...  Eu tentei!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A TRAVESSIA DE UM SÉCULO QUE ENCANTA E ADOECE

''A vida é muito mais do que vemos, é fundamentalmente o que sentimos e fazemos, e sem esse respiro da essência a vela da existência se apaga no primeiro sopro.''

Vivemos uma época singular da história humana como viajantes na grande nave do tempo. Somos testemunhas da passagem de um século para outro, talvez o mais fecundo em transformações e deslumbramentos em toda odisseia da humanidade. Dos vultuosos avanços da ciência e produção tecnocientífico ao acúmulo exorbitante do capital. Do consumo desenfreado e desnecessário a liquidez de todos os valores essenciais a vida, como se tudo estivesse sendo conduzido por uma esteira do encantamento efêmero, ao encontro com o nada, com o absurdo.

Se por um lado, poderíamos afirmar que em nenhuma outra fase histórica da humanidade se produziu tanto para tornar a vida mais cômoda, atrativa, dinâmica e superficialmente feliz. Por outro, podemos dizer também que em nenhuma outra tivemos uma imensa massa de indivíduos mergulhados num abismal fosso vazio de sentido para a vida. É esse abismo que se abre no seio existencial dos seres humanos, protagonizadores no palco deste admirável mundo novo, tão plastificado na sua aparência e violentado na essência da vida. Se há um legado que a travessia do século nos trás é este: conviver com tudo e se sentir sem nada.

Porque ela nós trás uma silenciosa e letal crise de sentido, aquilo que o brilhante escritor russo Dostoiévski gestou em suas obras e grandes filósofos dissecaram como ''niilismo'' (nihil), o encontro com o nada. Pesquisas mensuradas em várias partes do mundo, apontam para índices alarmantes e devastadores de suicídios, depressões e estresse. Formando o bloco patológico das doenças existências. 

O que falta? Falta a esperança, a essência que nos foi tirada, a vida roubada, o dia que nos foi tolhido, a ética suprimida. Falta a justiça, a felicidade como essência, o sonho como motor primevo, a poesia. Falta os versos na linguagem do encanto e espanto, falta algo que volte a nos preencher como humanos. Porque estamos mergulhados no absurdo do 'tudo pode e pouco determina', como barcos a deriva sob o olhar atônito do telespectador que nos vê sob o prisma da satisfação, de uma realização fictícia, insólita. 

O escritor vienense Victor E. Frankl, sobrevivente dos campos de concentração nazista em Kaufering e Türkheim, foi um dos primeiros intelectuais do mundo a descrever o 'Ser Humano' como uma unidade apesar da totalidade. Rompendo com isso o determinismo reducionista da psicanálise freudiana que nos 'reduzia e reduz' a uma espécie de 'feixe de energia perversa'. Frankl tinha profundas razões como sobrevivente do holocausto, pois encontrar um sentido para vida está muito além da mera realização dos desejos, ela precisa da essência do todo, do significado. Sentir que a vida pode valer a pena apesar das tempestades, dos sonhos frustrados, do cansaço diário, da esperança vencida, do sofrimento e seus limites. 

A vida é muito mais do que vemos, é fundamentalmente o que sentimos e fazemos, e sem esse respiro da essência a vela da existência se apaga no primeiro sopro. 

Neuri Adilio Alves
Licenciado em Filosofia, Professor Pesquisador e Palestrante.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O ENSINO DA FILOSOFIA NA VIDA DA ESCOLA

Luis Cláudio Calmon e Valéria C. Gomes Calmon

        O pensar, o criar, e o agir consciente libertam o ser humano e o transformam em sujeito de sua história.

        A Filosofia é uma importante ferramenta para que o homem atinja a condição de ser humano em sua plenitude. O que distingue a nossa espécie das demais é exatamente a condição de livres pensadores.
         
 O ser humano é um animal consciente de si próprio e de suas relações com o meio ambiente e com os demais indivíduos. Por isso, passa a ser responsável por todos os processos em que está envolvido.

         A Filosofia é, portanto, uma luz criadora e desafiadora para que as pessoas possam enxergar a realidade de forma mais clara, tornando-se agentes de seu destino.

           A relação da Filosofia com a Educação é visceral. Nesse sentido, tomemos como exemplo as palavras do professor Anísio Teixeira:

“Sendo a educação o processo pelo qual os jovens adquirem ou formam "as atitudes e disposições fundamentais, não só intelectuais como emocionais, para com a natureza e o homem", é evidente que a educação constitui o campo de aplicação das filosofias, e, como tal, também de sua elaboração e revisão”.

      Na antiga Grécia os filósofos eram professores e buscavam renovar os valores da sociedade e construir uma educação melhor e mais efetiva. Anísio Teixeira acrescenta:

“Eram, pois, filósofos e reformadores. Os estudos filosóficos formais nascem, assim, como estudos de educação. Os sofistas foram os "primeiros educadores profissionais" da civilização ocidental”.

             A Educação trabalha o indivíduo como um todo e a Filosofia ajuda as pessoas a elucidar as incertezas, ou seja, buscar os porquês. Sem essa busca a Educação seria repetitiva, fechada em si mesma, assemelhando-se a simples adestramento, treinamento sem criatividade, decadente instrumento ideológico de dominação ou mera formação de força de trabalho a ser explorada por algum grupo dominante de plantão.

            O grande desafio da Educação passa por moldar um ser pensante, formar um estudante para que se torne cidadão integral, orientado por conceitos próprios e valores reais, em prol do desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.

            A Educação é um caminho a ser percorrido e não simples meta a ser atingida. Durante esse caminho forma-se um conjunto de valores e saberes que levam o homem ao discernimento e à escolha de seu rumo. Somente assim poderá o ser humano considerar-se livre.

           Nesse processo, a Filosofia cria um enfoque crítico e reformador da educação, para auxiliar o educador a mediar o processo de construção do ser como sujeito integral, nas suas dimensões afetiva, social, econômica e moral.

           A Filosofia deve sempre balizar os referenciais teóricos e as práticas educacionais de modo a evitar que se cristalizem em conceitos pétreos e dogmas inquestionáveis. No âmbito da Filosofia e da verdadeira Educação, nada pode ficar ao largo de nova perquirição no sentido evolutivo, sob pena de obstaculizar a identificação da realidade desejável.

          Deve, também, orientar a construção de novos valores e formas de conhecimento intelectual, respeitando a subjetividade do ser e a necessidade de construção de bases éticas, morais e culturais tão relevantes para o desenvolvimento da vida em sociedade.

          Filosofia e educação devem andar juntas na teoria e na prática, pensar e repensar os processos educativos, sem se transformar unicamente em prática exclusiva de especialistas em educação e sim de toda a comunidade educativa, entendendo-se como tal pais, alunos, professores, funcionários, pesquisadores e especialistas em educação.

          Não se pode admitir a educação como processo adstrito à escola. A educação inicia-se em casa e passa pelos múltiplos segmentos do complexo político-social da comunidade que lhe corresponde, assim como pelos inúmeros instrumentos informativos e de divulgação.

         O final do século XX e o início do XXI são marcados pela inquietação mental das pessoas em função da complexidade da vida moderna e dos reflexos da globalização que interferem direta ou indiretamente em nosso comportamento. Nesse cenário emerge a FILOSOFIA como instrumento de perquirição sobre o cotidiano, significados da vida moderna e questionamentos sobre nosso aqui e agora.

         A escola, como agência de veiculação da educação formal, já sentiu esse movimento. Existem estabelecimentos que voltaram a adotar a Filosofia como ferramenta de desenvolvimento do pensar, tendo aulas de Filosofia na grade curricular, e alguns utilizam a Filosofia integrada a outras disciplinas.

          As aulas passam a ser tratadas como excelente exercício do pensar. Há exploração da leitura de textos (os mais diversos - Geografia, História, contos, lendas, romances...) seguida de interpretação dirigida e, após a exploração textual, são introduzidas perguntas filosóficas que determinam o tom da discussão, o caminho da dúvida e da reflexão a serem enfrentadas, tornando riquíssima a experiência do pensar individual e em grupo e gerando um exercício perfeito de reflexão filosófica. 

          O grande papel da Filosofia na educação é esse: gerar dúvida, provocar a desconfiança, instigar a pesquisa e a procura de respostas, promover o desenvolvimento cognitivo através da reflexão sobre as coisas, provocando, enfim, a autonomia de pensar e agir.

          A Educação e a Filosofia instrumentalizam os seres humanos para que possam atingir novos conhecimentos, desenvolver seu potencial criativo, enfrentar desafios, relacionar as informações e tirar as próprias conclusões.

         A Filosofia está cada vez mais presente nos dias atuais, como veículo importante de análise e postura crítica perante todas as situações complexas e difíceis de serem entendidas.

        Concluindo, não podemos deixar de afirmar, sem maiores digressões, que a Filosofia - como modo de reflexão da vida moderna - merece grande estímulo, aplicabilidade e desenvolvimento crescente no âmbito da educação.

Referências Bibliográficas:
TEIXEIRA. ANÍSIO S. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO.

Fonte:

domingo, 1 de dezembro de 2013

UMA JUSTIÇA SEM VENDA, SEM BALANÇA E SÓ COM A ESPADA?

Publicado: 01/12/2013

"Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas... Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação."

Tradicionalmente a Justiça é representada por uma estátua que tem os olhos vendados para simbolizar a imparcialidade e a objetividade; a balança, a ponderação e a equidade; e a espada, a força e a coerção para impor o veredito.

Ao analisarmos o longo processo da Ação Penal 470 que julgou os envolvidos na dita compra de votos para os projetos do governo do PT, dentro de uma montada espetacularização mediática, notáveis juristas, de várias tendências, criticaram a falta de isenção e o caráter político do julgamento.

Não vamos entrar no mérito da Ação Penal 470 que acusou 40 pessoas. Admitamos que houve crimes, sujeitos às penas da lei. Mas todo processo judicial deve respeitar as duas regras básicas do direito: a presunção da inocência e, em caso de dúvida, esta deve favorecer o réu.

Em outras palavras, ninguém pode ser condenado senão mediante provas materiais consistentes; não pode ser por indícios e ilações. Se persistir a dúvida, o réu é beneficiado para evitar condenações injustas. A Justiça como instituição, desde tempos imemoriais, foi estatuída exatamente para evitar que o justiçamento fosse feito pelas próprias mãos e inocentes fossem injustamente condenados mas sempre no respeito a estes dois princípios fundantes.

Parece não ter prevalecido, em alguns Ministros de nossa Corte Suprema esta norma básica do Direito Universal. Não sou eu quem o diz mas notáveis juristas de várias procedências. Valho-me de dois de notório saber e pela alta respeitabilidade que granjearam entre seus pares. Deixo de citar as críticas do notável jurista Tarso Genro por ser do PT e Governador do Rio Grande do Sul.

O primeiro é Ives Gandra Martins, 88 anos, jurista, autor de dezenas de livros, Professor da Mackenzie, do Estado Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra. Politicamente se situa no pólo oposto ao PT sem sacrificar em nada seu espírito de isenção. No da 22 de setembro de 2012 na FSP numa entrevista à Mônica Bérgamo disse claramente com referência à condenação de José Dirceu por formação de quadrilha: todo o processo lido por mim não contem nenhuma prova. 

A condenação se fez por indícios e deduções com a utilização de uma categoria jurídica questionável, utilizada no tempo do nazismo, a “teoria do domínio do fato.” José Dirceu, pela função que exercia “deveria saber”. Dispensando as provas materiais e negando o princípio da presunção de inocência e do “in dúbio pro reo”, foi enquadrado na tal teoria. Claus Roxin, jurista alemão que se aprofundou nesta teoria, em entrevista à FSP de 11/11/2012 alertou para o erro de o STF te-la aplicado sem amparo em provas. De forma displicente, a Ministra Rosa Weber disse em seu voto:”Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. Qual literatura jurídica? A dos nazistas ou do notável jurista do nazismo Carl Schmitt? Pode uma juíza do Supremo Tribunal Federal se permitir tal leviandade ético-jurídica?

Gandra é contundente:”Se eu tiver a prova material do crime, não preciso da teoria do domínio do fato para condenar”. Essa prova foi desprezada. Os juízes ficaram nos indícios e nas deduções. Adverte para a “monumental insegurança jurídica” que pode a partir de agora vigorar. Se algum subalterno de um diretor cometer um crime qualquer e acusar o diretor, a este se aplica a “teoria do domínio do fato” porque “deveria saber”. Basta esta acusação para condená-lo.

Outro notável é o jurista Antônio Bandeira de Mello, 77, professor da PUC-SP na mesma FSP do dia 22/11/2013. Assevera:”Esse julgamento foi viciado do começo ao fim. As condenações foram políticas. Foram feitas porque a mídia determinou. Na verdade, o Supremo funcionou como a longa manus da mídia. Foi um ponto fora da curva”.

Escandalosa e autocrática, sem consultar seus pares, foi a determinação do Ministro Joaquim Barbosa. Em princípio, os condenados deveriam cumprir a pena o mais próximo possível das residências deles. “Se eu fosse do PT” – diz Bandeira de Mello – “ou da família pediria que o presidente do Supremo fosse processado. Ele parece mais partidário do que um homem isento”. Escolheu o dia 15 de novembro, feriado nacional, para transportar para Brasília, de forma aparatosa num avião militar, os presos, acorrentados e proibidos de se comunicar. José Genuino, doente e desaconselhado de voar, podia correr risco de vida. Colocou a todos em prisão fechada mesmo aqueles que estariam em prisão semi-aberta. Ilegalmente prendeu-os antes de concluir o processo com a análise dos “embargos infringentes”.

O animus condemnandi (a vontade de condenar) e de atingir letalmente o PT é inegável nas atitudes açodadas e irritadiças do Ministro Barbosa. E nós tivemos ainda que defendê-lo contra tantos preconceitos que de muitas partes ouvimos pelo fato de sua ascendência afrobrasileira. Contra isso afirmo sempre:“somos todos africanos”porque foi lá que irrompemos como espécie humana. Mas não endossamos as arbitrariedades deste Ministro culto mas raivoso. Com o Ministro Barbosa a Justiça ficou sem as vendas porque não foi imparcial, aboliu a balança porque ele não foi equilibrado. Só usou a espada para punir mesmo contra os princípios do direito. Não honra seu cargo e apequena a mais alta instância jurídica da Nação.

Ele, como diz São Paulo aos Romanos:”aprisionou a verdade na injustiça”(1,18). A frase completa do Apóstolo, considero-a dura demais para ser aplicada ao Ministro.

Leonardo Boff foi professor de Etica na UERJ e escreveu Etica e Moral: em busca dos fundamentos, Vozes 2003.

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Black blocs: os primos sem máscara


Um leitor bem humorado de Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, sugeriu a aproximação entre os blackbocs mascarados que atormentam a cidade e os economistas da pré candidata Marina Silva. Estes seriam, pela ideologia, blackblocs sem máscara. O exagero normal de piadas não deixa de ter fundamento, neste caso, na convergência real entre ideais confessos de uns e ações delinqüentes de outros.

Mascarados e sem máscara, ou desmascarados, são contra tudo que está aí. Sendo o país altamente complexo em sua produção material, vida associativa e política, “tudo que está aí” é muita coisa para ser conhecida e avaliada no atacado. A menos, deve ser reconhecido, que os juízes estejam possuídos por estereótipos bebidos em fundamentalismos religiosos ou ideológicos. Embora rezando por bíblias diferentes, não há dúvida que blackblocs mascarados e sem máscara confraternizam no credo essencial.

Pelo passado de uns, os desmascarados, e presente de outros, os blackblocs mascarados, todos têm por objetivo o desmanche do patrimônio público, seja por destruição material direta, seja por supressão legal ou, ainda, por alienação a terceiros. A variação e bom gosto no modo de vestir dos sem máscara, em contraste com o militarizado uniforme negro dos mascarados, não disfarça a hostilidade à propriedade pública que compartilham. Com ou sem máscara são todos destrutivos blackblocs.

A mídia tradicional e as redes sociais funcionam como atraentes espelhos das manifestações de violência verbal, escrita ou de comportamento. Exibicionistas, anunciam onde vão agir pela força de paus e pedras ou pela compulsão das leis que pretendem elaborar. Discrição e modéstia não fazem parte do cardápio de moral e cívica desses autoritários em disponibilidade.

Entre as convergências avulta a doentia incapacidade de organizar algo construtivo. São parasitas dos movimentos sociais. Não se conhece uma instituição de defesa de coletividades que tenham criado. Mas estão sempre presentes no aproveitamento das atividades e organizações de construtores sociais, sugando-lhes a fama, a energia ou os propósitos. Foi o que fizeram em tempos idos, os sem máscara, com as empresas estatais criadas com os recursos e sacrifício da população. E voltariam a fazê-lo se lhes fosse concedida outra oportunidade. Não facilitaram a emergência de ações coletivas, empreitada sempre difícil e não raro cheia de perigos. Mas os mascarados se aproveitam das naturais e legítimas mobilizações dos setores mais carentes para sugá-los e macular os propósitos de suas paradas e manifestações.

Desprezam as instituições de representação popular (sindicais, políticas, pacificamente reivindicatórias) a elas dirigindo permanente crítica difamatória e humilhante, no que são coadjuvados pela imprensa blackbloc, muito mais do que marrom. Pontificam nas colunas jornalísticas os acometidos de dandismo intelectual, cheios de si pela ausência de contraditório que lhes devolveria a altura própria. Esnobes, só conversam entre si e acham lindas, exemplos de “democratização da democracia” (redundância charlatanesca), as tentativas selvagens de invasão de assembléias legislativas.

Finalmente, o anarquismo cruzado em benefício próprio. Face às tensões entre interesses populares e mercado, são radicalmente contra a regulação do Estado nos conflitos da sociedade (blackblocs mascarados) e no funcionamento a mãos livres do mercado (blackblocs desmascarados).

Há muito mais parentesco entre os blackblocs mascarados e os sem máscara do que é capaz de imaginar o inocente bom humor de observadores. Daria uma narrativa interessante fantasiar o que aconteceria em uma comunidade submetida à ideologia e à ação desses primos em barbárie. Os dois grupos, enjaulados, provariam da própria medicina.

Por, Wanderley Guilherme dos Santos, Cafezinho 31/10/13
Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2013/10/31/os-black-blocs-sem-mascara-por-wanderley-guilherme/


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CHAPECÓ - HOSPITAL MUNICIPAL DA IRRESPONSABILIDADE

"Aqui tem tudo pra piorar ainda mais, mesmo que tudo fique apenas nos comentários!" 

Esse teria que ser o nome no momento para a fachada de ''HOSPITAL DA CRIANÇA'', inaugurado pela 'falida Prefeitura de Chapecó', que com a especialista pirotecnia Politica de sempre o hospital teria a função de ser referência no cuidado as crianças e mães. A mesma administração que até agora, pelos comentários ''Parte 1'' (eu disse comentários) circulando por ai, e talvez justifique a falta de médicos no atendimento das crianças não pagou o Salário desses profissionais referente ao mês de setembro. 

A grande verdade nisso tudo é que o povo (os pais com filhos doentes) não querem saber se foi atendido 200 crianças em um só dia. Até porque Hospital Publico não é construído pra funcionar em horário comercial e muito menos pra servir as mentir dos administradores da saúde pública do Município de Chapecó e suas injustificáveis explicações.

Pois com certeza a Prefeitura: 
- já fez o repasse milionário as empresas licitadas para organizar a Efapi;
- já pagou a parcela dos milhões em publicidade mensal; 
- já pagou os alto salários de seus Diretores, Secretário e puxa sacos comissionados.

Isso oportuniza também ampliar o debate para a uma provocação: - Porque o CRM (Conselho Regional de Medicina), ativista dos discursos Xenofóbicos, fascista tão manifesto na vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil (Programa + Médicos do Governo Federal) não se manifesta agora? Pelo menos pra justificar pra população de Chapecó e oeste catarinense a suposta falta de médicos, ou o não pagamento de salários, ou falta de condições de trabalho!

Ainda sem querer apimentar o grau de vergonha, acrescentando a esse descaso no atendimento, pois também pelos comentários ''Parte 2'' (eu disse comentários), um Médico Cirurgião Plástico tem usado a estrutura do 'Hospital da Criança' pra fazer cirurgias de estética para Lipoaspiração e Implante de Silicone em pacientes particulares. - Que tal uma investigação a fundo por parte da imprensa local (se ela existe) ou então da justiça pra ver se confirma tais boatos? - O que dizer mais do que isso?

Apenas que com menos sangria do dinheiro publico em desnecessárias ações duvidosas de publicidade seria possível oferecer atendimento com dignidade ao povo de Chapecó sem a necessidade das mentiras de uma década! E ao povo fica a dica: somente a superação da cegueira imediatista do compensatório, distribuído durante o período eleitoral pode ser o caminho da mudança amanhã. 

Pois, a pior das patologias é a do auto engano que acomete os cidadãos e compromete a ação qualitativa, responsável e de competência do Ente administrativo. E nesse caso em especifico do Hospital da Criança onde as principais vitimas são os pequenos cidadãos de Chapecó, porque sem escolha consciente e comprometida do eleitor tudo se encaminha para o choro, gritos e ranger de dentes. Aqui tem tudo pra piorar ainda mais, mesmo que tudo fique apenas nos comentários! 

ACELERA, ACELERA CHAPECÓ, mesmo sobre os comentários de peitos siliconados, gordurinhas lipoaspiradas, mães desesperadas e a obesidade mórbida de mentira, se é o que temos para o momento!

Neuri Adilio Alves
Pesquisador de Filosofia, livre das amarras da Ilusão.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A FLECHA VERDE DO OESTE ATRAVESSOU O ORGULHO PRECONCEITUOSO

“Ensaio escrever algo sobre Campeonato Brasileiro da Série B, em especifico o jogo Avai 1 X 2 Chapecoense, porque mais uma vez foi a vitória da Humildade contra a Arrogância. Foi o jogo do competente sucesso de uns, contra a magoa, o pré conceito e fracasso momentâneo de outros.

Não dá pra deixar de manifestar meu orgulho em dizer aos quatro cantos do meu país por onde já andei, que nasci e cresci na cidade de Chapecó. Nesta região de gente honesta, trabalhadora e de grande valores culturais. Embora, em um estado brasileiro onde existem nichos de ColoniZADOS com cabeça de coloniZADORES, que adoram nos chamar de Índios como instrumento do adjetivismo depreciativo. Uma clara manifestação de mentalidades pobres, mesquinhas e imaturas. 

Porque digo isso? - Porque o orgulho insano dos que vivem da miséria de cultura, do bairrismo geográfico como sinônimo de emancipação e status social, da leviandade madura não conseguem admitir. Afinal, deve estar sendo duro para alguns torcedores de Clubes como Avai, Figueirense e Joinville aceitar que um Time de Futebol do INTERIOR do Estado de Santa Catarina (na terra de índios) possa estar dando espetáculo: primeiro de humildade e depois de competência tática aos ditos grandes do futebol catarinense dentro dos próprios estádios. Exemplo disso, a recente vitória da Chapecoense no último sábado contra o AVAI em plena Ressacada!

Mas este meu manifesto se direciona em especifico as redes sociais onde tem sido ASSUSTADOR os atos de preconceito, DEGRADANTE pela arrogância, TRISTE pela displicência vergonhosa como alguns torcedores dos citados clubes grandes buscam atentar contra o sucesso da Chapecoense e o povo do Oeste Catarinense na Série B do Campeonato Brasileiro. Tomados de uma espécie de complexo de inferioridade, imaturos que são, buscam atingir o legado de nossa cultura. Fazem questão de usar expressões como 'ÍNDIOS DO OESTE' na tentativa de nos ofender. Como se nós tivéssemos no mesmo nível de alienação secular do qual estão mergulhados, e ficássemos magoados. 

Ao contrário do que eles pensam com essa compreensão limitadissima de valores, isso nos faz mais forte, porque realça parte de nossas raízes, de nossa cultura, de nosso ethos social, nosso orgulho de povo. Porque TEMOS SIM um PÉ NA ALDEIA (seja Guarani, ou Kaingang), assim como temos também as duras cicatrizes de uma colonização bandida, criminosa e não podemos esconder. Mas acima de tudo, somos um povo, movidos na paixão pela terra que converge com tudo o que se busca, inclusive também no futebol. 

A grande verdade, é que sem identidade não há conhecimento, talvez seja isso que nos faça diferentes, porque temos uma forte identidade cultural e histórica. O problema dos complexos, pertence tão somente aos que precisam continuar procurando a própria identidade no grande fosso da ignorância, do preconceito, explicitado na falta de cultura. Ou então, continuar na arte de reinventar as mentiras e o ledo engano de emancipação social a si mesmos, sendo esse o pior dos caminhos.

Nada tenho contra a geografia litorânea catarinense e o povo que lhes ocupa de forma civilizada, madura e que contribuem para a construção de nosso estado. Entre esses, meus 4 irmãos e centenas de amigos e conhecidos que há décadas pra lá mudaram-se. Mas não posso dizer o mesmo dos que habitam o terreno movediço da falta de educação, de respeito, e suas insanidades do fanatismo desprovidos de razão. São os mesmo que geralmente fazem do futebol uma válvula de escape para suas frustrações, suas agressividade covardes, usando do bairrismo depreciativo e preconceituoso.

Mas preciso reafirmar que vitórias como as que a Chapecoense (o Time de Índios) obteve contra o ' ''GRANDE AVAI'' ', deveria valer 6 pontos, afinal:

... é a vitória de um time "PEQUENO" mas com grande humildade;

... é a vitória de um time "MODESTO" mas com imenso orgulho de suas origens;

… é a vitória de um time com “OBEDIÊNCIA TÁTICA” contra o orgulho e as altas folhas de pagamentos do adversário;

... é a vitória de um time de "ÍNDIOS" (como vós adoram dizer) mas que tem orgulho das batalhas travadas com dignidade porque é feito por guerreiros;

... é a vitória de um time de Homens, despidos do pré conceito, por isso se tornam grandes;

... é a vitória de um time, de um povo de toda Região Oeste que tem orgulho do contato com a terra, com o mato, a produção de suínos e aves;

... é a vitória de um time sem chuteiras, porque calçam os pés com a alma, coração e os sonhos, que os orgulhosos alimentados pelo preconceito não conseguem ter.

Ah, antes que eu esqueça! Por esses dias o povo do Oeste Catarinense vai dormir de alma lavada, honra defendida, orgulho de sua história. A memória de nossas origens encravadas no coração das rodas de conversa, e nos livros de história se reafirma na alma talentosa de um grupo jogando bola. 

A vós, só resta a esperança de que possam mais cedo ou mais tarde se despirem do orgulho de colonizados, mimetizados na ignorância desinformada. Para que assim possam subir, não a primeira divisão do futebol, mas da maturidade e respeito com os valores da cultura diferente. Algo que a ignorância pertencente aos arrogantes não deixa se abrir. 

Não sou um apreciador nato do futebol, porque o meu campo é a "Arena" das palavras, dos livros, e a trave com a qual eu luto diariamente é para romper as arestas de minha própria ignorância. Confesso! Não é fácil, mas tenho aprendido muito com os mais humildes e as culturas diferentes, e o meu Gol de placa favorito é o respeito. Quanto a Chapecoense parece ser inevitável continuar provocando ciumes, porque a SÉRIE A vem ai! E AMANHÃ TEM MAIS!

Neuri Adilio Alves 
Filósofo, Professor Pesquisador