terça-feira, 11 de junho de 2013

EDUCAÇÃO CATARINENSE - Entre contos de fada "Seus problemas acabaram (...)"

"Participe você também deste tempo de mudanças: 'Grandes PROGRAMAS, Pequenos PROBLEMAS'!"

Em Santa Catarina com um programa institucional da emissora afilhada da Globo soltando os bichos em horário comercial os Problemas da Educação Catarinense acabaram! O Bichos deixarão seu mundo REAL, para participar das FANTASIAS politicas do sistema Educacional do Estado! 

Neste circo 'tragicômico' midiático é hora de todos soltarem os bichos porque os palhaços que gerenciam o sistema educacional vão sair de cena. Será como o retorno de “Um Admirável Mundo Novo” onde tudo estará resolvido, mesmo sem alguns personagens e suas designações como: Tio Patinhas (distribuindo o dinheiro); Os três Porquinhos (e a fragilidade de suas instalações) e o Pinóquio (representando a face mentirosa de investimentos na educação). 

- MAS E AS ESCOLAS COM FALTA DE MERENDA ESCOLAR? 
Os alunos vão levar 'Marmitas' de casa!!! 

- MAS E AS ESCOLAS QUE ESTÃO CHOVENDO DENTRO DAS SALAS DE AULA? 
Os alunos vão levar um 'Guarda Chuva' de casa!!! 

- MAS E AS ESCOLAS COM PROBLEMA NOS BANHEIROS? 
Os alunos vão levar 'Penico' de casa! 

-MAS E AS ESCOLAS COM PROBLEMAS DE LAMA AO REDOR? 
Os alunos vão de bota 'Sete Léguas' com chinelo na mochila! 

- MAS E AS ESCOLAS COM PROBLEMAS DE TRANSPORTE? 
O governo vai ajudar na compra de um cavalo! 

- MAS E AS ESCOLAS COM FALTA DE VAGAS? 
Os alunos vão trazer 'Cadeira e Mesa' de casa e se improvisa na area coberta, ginásio, em último caso em baixo das arvores! 

- MAS E OS PROFESSORES MAL REMUNERADOS? 
Deixa que façam greve o governo precisa pagar os seus cargos de comissão! 

MAS... MAS... MAS... QUE PALHAÇADA!!! 
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Participe você também deste tempo de mudanças: “Grandes PROGRAMAS, Pequenos PROBLEMAS”!!! 

OBS! NÃO DEIXE DE LER: - “A Psicanálise dos Contos de Fadas!!! 

(No livro tem mais verdades a somar em nossa educação do que os personagens que nos assombram, aqui onde chamamos de vida real). 

Vale a pena!

Neuri Adilio Alves 
Professor / Pesquisador

sexta-feira, 24 de maio de 2013

RECADO AO AMIGO ADEPTO DA 'MENTIROPATIA' IDEOLÓGICA!

"Acertar as contas com o passado é necessário quando se almeja um coerente projeto futuro, e se busca curar a 'esquerdopatia' desenvolvida."

Faz tempo que digo que a esquerda precisa um momento pra acertar as contas com seu passado. Isso se tiver motivações para os avanços utópicos que almeja e para o vislumbre do real que estão ao seu alcance. Não dá pra continuar achando que o simplismo aparelhista em entidades, ou cadeira legislativa é a prova concreta de que seus objetivos estão sendo atingidos enquanto projeto politico ou programa de orientação partidária. 

A verdade vai além do mero orientalismo PROgramático que é violentado na ação PRAgmática do que chamam de força de convergência de ideais. Basta ver o mercado de militantes fabricados momentaneamente em detrimento de mazelas administrativas a posteriori. Muitos dos quais se esforçando fisiologicamente para manter contato com o povo e cadastrando números sem vinculo algum com a luta de classe lá na base. 

Mais do que em qualquer outro lugar meu caro, aqui onde a 'Direita Sectária' governa desde a expulsão dos guaranis e kaingangs, sendo interrompida apenas 8 anos por um intervalo acidental de interesses dispersos vai permanecer por muito tempo ainda. Pelo menos enquanto as "forças de esquerda" se ainda pode ser identificada ou os simpatizantes deste processo histórico não fizerem uma espécie de acerto de contas com com seu passado de orientação ideológica e coerência. Mais do que meras bandeiras e grito de oposição se faz necessário revisão e formação. 

Isso deve passar por todos os espaços onde os vícios da esquerdopatia se instalou como ilusória solução para as transformação da realidade. Desde as entidades comunitárias, entidades de classes, escolas, universidades e Sindicatos. Principalmente neste ultimo, onde em muitos casos se faz a luta de classe virtual, ilusória, fisiocrata e seus 'dirigentes executivos' na efetiva atuação de base sugam a entidade, enganam os seus representados e em inúmeras situações ainda recebem apoio imoral de seus "iguais'. 

A 'Iusão' é sempre uma 'Alusão' de realidade alienadora onde o individuo passa a mentir pra si mesmo, e agrava a situação ao acreditar no todo como uma verdade. Ou seja, vende a imagem de transformador da sociedade, mas mantém em ruínas os primevos ideais de classe, dissolvendo os princípios da coletividade em seus interesses personalistas ou de grupo. Aqui emerge a presença de uma terrível perversão da verdade: A 'MENTIROPATIA' da Luta de classe! É assim que desejam mudar a realidade politica por aqui? 

A grande verdade, é que sem um novo programa de formação efetiva, que faça frente a esta deformação da realidade, todos os projetos caminham a passos largos para o fracasso e as duras contradições. E diante desta cegueira pragmática, todos precisam integrar conscientemente a certeza de que as forças conservadoras ainda vão rir a toa por muito tempo aqui na cidade. Porém somente os coerentes conseguem ver a verdade, tudo o mais é apanágio dos incoerentes. Se é este o vosso projeto só nos resta uma doentia e cômica salva de palmas a burrice ideológica, pois embora Chapecó mereça mais, a direita agradece!!! 


Neuri Adilio Alves
Professor, Pesquisador.

sábado, 11 de maio de 2013

A ARTE DE DEIXAR APRENDER

"(...) deixar aprender é deixar que o conhecimento nasça, que o conhecedor renasça a cada novo conhecimento, é deixar que cada um se reconheça no ato de aprender."

Para Martin Heidegger ensinar é mais difícil do que aprender porque ensinar significa: deixar aprender.

Uma arte refinada, que exige sensibilidade extrema para perceber as disposições de cada aluno, para detectar o grau de maturidade intelectual e emocional de cada aluno, para permitir que o aluno mesmo entre em contato com a necessidade pessoal de buscar a verdade

O professor que entende as “artimanhas” desse deixar aprender jamais pretende dominar o aluno com recompensas e muito menos com punições ou ameaças. Limita-se (rompendo todos os limites) a apresentar o que entende ser a verdade, mais com uma atitude de busca do que com grandes proclamações de já ter encontrado ou definido tudo.

Deixar aprender é transmitir o entusiasmo irresistível de quem se comprometeu radicalmente com a realidade. O mestre entusiasmado faz os alunos descobrirem, em clima de reverência (sem expulsar o bom humor), que aprender é emocionante porque tem a ver com o sentido da vida.

O professor que sabe deixar aprender dispensa a “aulística”, esta habilidade que se reduz a dar aulas picotadas de sala em sala. Vive, sim, da “holística”, essa visão da existência que nada deixa de fora. Não existe “o fora”. Todos os aspectos da realidade são conciliáveis numa visão generosa: o subjetivo e o objetivo, o interior e o exterior, a teoria e a praxis, a liberdade e a obediência, a autonomia e a heteronomia, o etc. e o etc.

Deixar o outro aprender é deixá-lo ver as realidades contrastantes que se harmonizam numa visão abrangente, numa visão filosófica da realidade. A realidade é matizada, e também precisamos deixar que ela se manifeste.

Deixar que o outro aprenda não é deixar de dar aulas. É cultivar o conhecimento integral da realidade, atitude que nada tem a ver com o conhecimento exaustivo das coisas, com a tentação epistemológica da análise avassaladora, com o domínio antecipado de categorias às quais o real deverá ajustar-se, custe o que custar.

O professor verdadeiro, na minha concepção, é aquele que entende o conhecimento como um co-nascimento, ou, para ser mais explícito, como o co-naissance do famoso trocadilho de Gabriel Marcel.

Isto é, deixar aprender é deixar que o conhecimento nasça, que o conhecedor renasça a cada novo conhecimento, é deixar que cada um se reconheça no ato de aprender.

O resto é pedagogia.

Professor Gabriel Perissé 
Doutor em Filosofia da Educação pela USP e coordenador pedagógico do Ipep (Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa).

quinta-feira, 2 de maio de 2013

SANTA CATARINA - A SUÍÇA BRASILEIRA É AQUI?

“Venham visitar, mas venha sabendo que aqui os 'Alpes Suíços' são montanhas de mazelas sociais também!!!”

Tenho visto muitos papagaios do Governo do Estado afirmar que Santa Catarina é a SUÍÇA BRASILEIRA. Pra ser sincero com meus milhares de amigos que não moram aqui e ouvem falar deste engano vou elencar umas verdades. Primeiro dizer primeiro que amo meu Estado, mas prezo pela verdade e a verdade me diz que entre a SUIÇA BRASILEIRA e SUÍÇA EUROPÉIA existe um grande abismo de disparidade. 

Na “SUÍÇA BRASILEIRA” ou Vergonha Catarinense tem: 

a- ) Professor vergonhosamente remunerado; 
b- ) Escola em avançado estado de degradação; 
c- ) Rodovias em degradação e abandono; 
d-) Policiais e Bombeiros Militares com salário de fome; 
e-) Órgãos Públicos são como colônias de parasitas comissionados; 
f-) A decentralização administrativa é um cabidão de regalia empregatícia; 
g-) Viúvas de ex governadores recebendo salários de até R$ 15 mil reais ao mês; 
h-) Ex Governador recebendo Salários de aposentadoria Cumulativa em média de R$ 25 mil cada uma chegando a receber 50 mil reais mês de salários; 
i-) Regalias pagas a Ex Governadores de Colombo Salles, Antônio Carlos Konder Reis, Jorge Bornhausen, Henrique Córdova, Esperidião Amin, Casildo Maldaner, Paulo Afonso Vieira e Leonel Pavan, que custam aos cofres públicos em média mais de R$ 200.000 mil reais por mês ; 
j-) Tem corrupção e sorteio pragmático em licitação de Obras Públicas; 
l-) Milhares de jovens viciados e morrendo pelo envolvimento com drogas; 
m-) Centenas de crimes cometidos mensalmente pouco divulgados; 
n-) O Crime Organizado queimando Oníbus e Veículos pelo estado todo; 
o-) Presidiários organizando festas dentro de Presídios, e criminosos ditando regras sociais; 
p-) ASSASSINATO de vereador sendo declarado como HOMICIDO; 
q-) Milhares de focus de Mosquito e casos de Dengue; 
r-) Rodovias sucateadas e legadas ao abandono; 
s-) Obras públicas superfaturadas, corrupção na esfera pública e os privilégios nocivos ao estado; 
t-) Beleza em abundância e imensa degradação ambiental também, falta saneamento básico, praias contaminadas e cidades sujas; 
u-) Moradores de rua espalhados em grade numero pelas maiores cidades do estado como uma dolorida chaga social; 
v-) Mentirosos saindo pelo “ladrão” (sem trocadilho), com postura de bom cidadão; 
x-) O marketing de turismo como uma grande falácia, porque na essência somos sim: encanto turístico, vergonha politica e tragédias sociais também; 

( !!! ) ESTA É A SUÍÇA BRASILEIRA!!! NÃO PRECISA SE ASSUSTAR, TUDO ISSO AQUI É REAL! SÓ AS BELEZAS NOS SALVAM! 

VENHAM VISITAR, MAS VENHA SABENDO QUE AQUI OS “ALPES” SÃO MONTANHAS DE MAZELAS SOCIAIS TAMBÉM!!! 

Neuri Adilio Alves
Professor / Pesquisador

quarta-feira, 24 de abril de 2013

AOS PREGADORES DO 'CAGAÇO' SOU FAVORÁVEL QUE:

"Fim dos tempos??? Não... Fim de linha idiotas!!!"
Por Neuri Adilio Alves

Sejam condenados por Crime de Racismo/Preconceito qualquer IDIOTA, (sim eu disse idiota), Pastor, Missionário, Padre, Pregador que fizer uso instrumental, vazio de Exegese e Hermenêutica BIBLICA pra INSTITUCIONALIZAR a HOMOFOBIA entre os seus fiéis seguidores. É preciso punir duramente dentro da Lei, da mesma forma que qualquer outro ato de preconceito ou agressão contra a vida é julgado. 

Mais do que isso, é preciso acabar com este mercado maldito do engano e senso comum usado a base de gritaria e Bíblia na mão como mercado lucrativo da fé. Mesmo que para isso, se faça necessário um marco regulatório de critério para abrir Igrejas, Casas de Pregações e afins! Exigindo de inicio um certificado teológico emitido por instituição devidamente reconhecida por órgão federativo para então receber o "Habite-se" de local físico para culto da fé. E posteriormente que requeira junto ao 'Senhor' sua vocação de 'enviado pregador'. 

Porque tem muita gente que adormece delinquente e acorda como convertido pregador. Muitos dos quais não conseguem gerenciar a própria vida, mas abrem as portas da sua casa pra enganar fiéis usando de senso comum, com Versículos e Capítulos Bíblicos decorados. Se não tiver um certificado devidamente reconhecido por uma instituição de mesmo modo legal, não pode abrir Igreja, e muito menos ser "empresário do ledo engano da fé". 

E se inicialmente for necessário a presença da Vigilância Sanitária (por insanidade) que assim seja feito, pois poderá ajudar na limpeza da boca suja primeiro. Depois se pode esterilizar também o 'diabo' que eles tanto usam pra assustar os fiéis. 

Porque no Brasil existe lugares que a quantidade de "Igreja" esta tão grande que o 'Diabo' é expulso de uma Igreja e entra na outra logo a frente, isto quando ele não abre uma pra si mesmo. 

Fim dos tempos??? Não... Fim de linha idiotas!!! 
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ANTES QUE ME ESQUEÇA... sou favorável que seja levado a julgamento por crime contra a humanidade e apologia ao racismo todo governo que por acordo e interesse politico indique para conduzir qualquer 'Órgão Público', principalmente de Direitos Humanos um Parlamentar acusado de Xenofobia, Homofobia e Misoginia. Exemplo neste momento do Brasil!

Neuri Adilio Alves 
Professor Pesquisador

sexta-feira, 19 de abril de 2013

OS DADOS MENTIROSOS SOBRE A ECONOMIA DA VENEZUELA - ATAQUE DOS FACISTAS


Veja o conteúdo da Carta do Professor de Economia da UFF Universidade Federal Fluminense Victor Leonardo de Araujo, à Editora do caderno Mundo de O Globo, Sandra Cohen.


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Prezada Senhora Sandra Cohen, 

Já é sabido que o jornal O Globo não nutre qualquer simpatia pelo governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, e tem se esforçado a formar entre os seus leitores opinião contrária ao chavismo – por exemplo, entrevistando o candidato Henrique Caprilles sem oferecer ao leitor entrevista com o candidato Nicolás Maduro em igual espaço. Isto por si já é algo temerário, mas como eu não tenho a capacidade de modificar a linha editorial do jornal, resigno-me. 

O problema é que o jornal tem utilizado sistematicamente dados um tanto quanto estranhos na sua tarefa de formar a opinião do leitor. Sou professor de Economia da Universidade Federal Fluminense e, embora não seja “especialista” em América Latina, conheço alguns dados sobre a Venezuela e não poderia deixar de alertá-la quanto aos erros que têm sido sistematicamente cometidos.

Como parte do esforço de mostrar que o governo Chávez deixou a economia “em frangalhos”, o jornalista José Casado, em matéria publicada em 15/04/2013 (“Economia em frangalhos no caminho do vencedor”) informa que o déficit público em 2012 foi de 15% do PIB. Infelizmente, as fontes desta informação não aparecem na reportagem (apenas uma genérica referência a “dados oficiais e entidades privadas”!!!), uma falha primária que nem meus alunos não cometem mais em seus trabalhos. Segundo estimativas apresentadas para o ano de 2012 no “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e Caribe”, da conceituada Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o déficit foi de 3,8% do PIB, ligeiramente menor do que no ano anterior, mas muito inferior ao apresentado pelo jornal. Caso o jornalista queira construir a série histórica para os resultados fiscais para a Venezuela (e qualquer outro país do continente), pode consultar também as várias edições do “Estudio Económico” também da Cepal. 

Para poupar o seu trabalho: a Venezuela registrou superávit primário de 2002 a 2008: 2002: 1% do PIB; 2003: 0,3; 2004: 1,8; 2005: 4,6; 2006: 2,1; 2007: 4,5; 2008: 0,1; e déficit nos anos seguintes: 2009: -3,7% do PIB; 2010: -2,1; 2011: -1,8; 2012: -1,3. O déficit é decrescente, mas bem distante dos 15% do PIB publicados na matéria. 

Afirmar que o déficit público na Venezuela corresponde a 15% do PIB tem sido um erro recorrente, e também aparece na matéria intitulada “Onipresente Chávez”, publicada na véspera, também no caderno “Mundo” do jornal O Globo em 13/04/2013. A este propósito, tenho uma péssima informação a lhe dar: diante de um quadro fiscal tão saudável, o presidente Nicolás Maduro não precisará realizar ajuste fiscal recessivo, e terá condições de seguir com as políticas de seu antecessor.

A matéria do dia 15/04/2013 possui ainda outros erros graves. O primeiro é afirmar que existe hiperinflação na Venezuela, e crescente. Não há como negar que a inflação é um problema grave na Venezuela, mas O Globo não tem dispensado o tratamento adequado para informar os seus leitores. A inflação na Venezuela tem desacelerado: foi de 20% em 2012, contra 32% em 2008 (novamente utilizo os dados da Cepal). Tudo indica que o jornalista não possui conhecimento em Economia, pois a Venezuela não se enquadra em qualquer definição existente para hiperinflação – a mais comumente utilizada é de 50% ao mês; outras, mais qualitativas, definem hiperinflação a partir da perda da função de meio de troca da moeda doméstica, situações bem distantes do que ocorre na Venezuela.

Outro equívoco é afirmar que “não há divisas suficientes para pagar pelas importações”. A Venezuela acumula superávits comerciais e em transações correntes (recomendo que procure os dados - os encontrará facilmente na página da Cepal). Esta condição é algo estrutural, e a Venezuela é a única economia latino-americana que pode dar-se ao luxo de não precisar atrair fluxos de capitais na conta financeira para financiar suas importações de bens e serviços. Isto decorre exatamente das exportações de petróleo.

O problema, Senhora Sandra Cohen, é que os erros cometidos ao expor a situação econômica venezuelana não se limitam à edição do dia 15/04, mas tem sido sistemáticos e corriqueiros. Como parte do esforço de mostrar que o governo Chávez deixou uma “herança pesada”, a jornalista Janaína Figueiredo divulgou no dia 14/04 (“Chavismo joga seu futuro”) que em 1998 a indústria respondia por 63% da economia venezuelana, e caiu para 35% em 2012. Infelizmente, a reportagem comete o erro primário que o seu colega José Casado cometeu: não cita suas fontes. 

Em primeiro lugar, a informação dada pelo jornal é que a Venezuela era a economia mais industrializada do globo terrestre no ano de 1998. Veja bem: uma economia em que a indústria representa 63% do PIB é super-hiper-mega-industrializada, algo que sequer nos países desenvolvidos foi observado naquele ano, nem em qualquer outro. E a magnitude da queda seria digna de algo realmente patológico. Como trata-se de um caso de desindustrialização bastante severo, procurei satisfazer a minha curiosidade, fazendo algo bastante corriqueiro e básico em minha profissão (e, ao que tudo indica, o jornalista não fez): consultei os dados. 

Na página do Banco Central da Venezuela encontrei a desagregação do PIB por setor econômico e lá os dados eram diferentes: a indústria respondia por 17,3% do PIB em 1998, e passa a representar 14% em 2012. Uma queda importante, sem dúvida, mas algo muito distante da queda relatada por sua jornalista. Caso a senhora, por qualquer juízo de valor que faça dos dados oficiais venezuelanos, quiser procurar em outras fontes, sugiro novamente a Cepal, (Comissão Econômica para América Latina e Caribe). As proporções mudam um pouco (21% em 1998 contra 18% em 2007 – os dados por lá estão desatualizados), mas sem adquirir a mesma conotação trágica que a reportagem exibe. Em suma: os dados publicados na matéria estão totalmente errados.

O erro cometido é gravíssimo, mas não é o único. A reportagem ainda sugere que a Venezuela é fortemente dependente do petróleo, respondendo por 45% do PIB. Novamente, a jornalista não cita suas fontes. Na que eu consultei (o Banco Central da Venezuela), o setor petróleo respondia por 19% do PIB em 1998, contra pouco mais de 10% em 2012. Como a Senhora pode perceber, a economia venezuelana se diversificou. Não foi rumo à indústria, pois, como eu mesmo lhe mostrei no parágrafo acima, a participação desta última no PIB caiu. Mas, insisto, a dependência do petróleo DIMINUIU, e não aumentou como o jornal tem sistematicamente afirmado.

A edição de 13/04/2012, traz outros erros graves. Eu já falei anteriormente sobre os dados sobre déficit público apresentados pela matéria assinada pelo jornalista José Casado (“Onipresente Chávez”). A mesma matéria afirma que a participação do Estado venezuelano representa 44,3% do PIB. O conceito de “participação do Estado na economia” é algo bastante vago, e por isso era importante o jornalista utilizar alguma definição e citar a fonte – mas isto é algo, ao que tudo indica, O Globo não faz. Algumas aproximações para “participação do Estado na economia” podem ser utilizadas, e as mais usuais apresentam números distantes daqueles exibidos pelo jornalista: os gastos do governo equivaliam a 17,4% do PIB em 2010 (contra 13,5% em 1997) e a carga tributária em 2011 era de 23% (contra 21% em 2000), nada absurdamente fora dos padrões latino-americanos.

Enfim, no afã de mostrar uma economia em frangalhos, O Globo exibe números simplesmente não correspondem à realidade da economia venezuelana. Veja bem: eu nem estou falando de interpretação dos dados, mas sim de dados que equivocados!

Seria importante oferecer ao leitor de O Globo uma correção dessas informações – mas não na forma de errata ao pé de página, mas em uma reportagem que apresente ao leitor a economia venezuelana como ela é, e não o caos que O Globo gostaria que fosse.
E, por favor, nos próximos infográficos, exibam suas fontes.
Atenciosamente,

PS: Não sei porque ainda perco tempo, mas enviei o e-mail abaixo para O Globo. Como a linha editoria não será modificada, peço que divulguem. Abs, Victor.

Victor Leonardo de Araujo
É Professor de Economia da UFF Universidade Federal Fluminense.