segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Das datas que marcam: o aniversário!

''(...) plantar no jardim da alma exige silêncio, para que a colheita possa ser o tempo de festejar.'' 

Aos amigos minha renovada alegria de poder visitar pelo menos em espirito cada palavra a mim dirigida na passagem de meu aniversário. Cada sentimento compartilhado publicamente ou na reservada caixa de mensagem, na voz do outro lado da linha telefônica ou no perfume e na beleza das flores da primavera a mim presenteada. Viver por vezes, pode até parecer inapreensível e indecifrável - mas como não entender a beleza multiplicada de tantos gestos de carinho? 

Não temos controle sobre tudo ou até mesmo sobre nada, mas podemos ter uma certeza: a de que o tempo passa com a peculiar naturalidade que lhe compete, fazendo do existir um reflexo do biológico e do viver um mero espectro no social se a ele não damos sentido, significado. Razões pelas quais a vida possa valer a pena em qualquer circunstância a qual sejamos submetidos.

Já faz alguns anos me convenci que nem todos os amigos valem a confiança, nem todos os amores são verdadeiros, nem todos os sonhos sobrevivem aos obstáculos, nem todos os irmãos valem o carinho que por uma vida nutrimos, nem toda esperança merece a espera. Pois nunca fará sentido os laços encharcados de infelicidades, friezas e a fragilidade desse tecido gélido de afetos que o mundo a nossa volta muitas vezes tendem compartilhar.

Digo isso, porque ao completar mais um ano de vida eu tenho a certeza que na grande festa da existência o vinho bom é aquele servido primeiro. Servido em grande taça aos amigos de verdade, aos amores e seus sentidos, as belas experiências cotidianas como arte nobre de viver. Tudo mais pode não passar de ornamentos, ilusões e desserviços a existência.

Lembrar de tantos dias acrescidos a vida, é também lembrar de tantos como vocês que ao longo de minha existência tem sido parte do significado que preenche a minha alma humana. É provar o sabor doce ou amargo de viver, porque viver é também conviver com as adversidades do tempo, do lugar, dos sentimentos, das imprevisões e dos mistérios. Viver é sorrir e chorar, gritar e silenciar, falar e calar, dormir sem acordar, acordar e não mais dormir sem antes reescrever os sonhos a luz do dia.

Completei neste 27 de setembro quase quinze mil dias de meu nascimento, nem todos vividos como cheguei a imaginar, como eu gostaria, porque viver não significa apenas estar aqui, embora estar aqui possa ser medida na escala de bilhões de anos de nossa natureza. Mas confesso, ao longo de tanto tempo quantas belas memórias, quantas históricas alegres e felizes a serem contadas. Quantos tropeços, quantas lágrimas, quantos risos, quantos bons amigos que se foram, quantos bons amigos novos chegaram e com é bom estar aqui com vocês.

Obrigado por cada palavra dirigida, pelas lembranças que recebi, pelos manifestos de afeto, cada presença e não se preocupem: porque naqueles momentos que desapareço, que silencio, que me calo, na essência é o tempo que uso para plantar. Porque plantar no jardim da alma exige silêncio, para que a colheita possa ser o tempo de festejar.

Viver é a arte da invenção, da reinvenção constante, das datas que marcam, das memórias que ilustram, dos sabores que ficam, dos gestos ternos e eternos e da vontade inconfundível de dividir ontem, hoje e amanhã com vocês os imprescindíveis o bolo da festa – parabéns para vocês que me aceitam como sou: humano, de qualidades e defeitos!

Do amigo de sempre Neuri Adilio Alves
Assessor de Formação - Filósofo Pesquisador.