Por, Jeferson Ávila
"(...) deputado e pastor Marcos Feliciano, você não me representa, pois, o seu cristianismo certamente não é o mesmo que o meu, que acolhe as pessoas, que respeita os diferentes e que esteve a frente das lutas pela redemocratização do nosso país."
A Câmara dos deputados tem nos revelado um triste cenário. Em tempos que poderíamos avançar nas políticas de afirmação dos direitos e da democracia, estamos dando lugar ao atraso e ao retrocesso. O pior de tudo é que grande parte da população está assistindo de braços cruzados. E vou além. Pergunto, os nossos vereadores se abstiveram deste debate? Infelizmente os legislativos também estão contaminando com o vírus da intolerância e do extremismo religioso.
Não vejo problema algum em um pastor ser eleito para um cargo legislativo ou até mesmo presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDHM), desde que seja um líder religioso identificado com a garantia dos direitos humanos e da dignidade das minorias estigmatizadas, o que não é o caso do pastor Marcos Feliciano, um inimigo público e declarado das minorias.
Seus discursos racistas, homofóbicos e sexistas, estimulam a violação da dignidade humana de grupos historicamente perseguidos. O pior de tudo é que ele se utiliza das escrituras sagradas - uma interpretação insana, distorcida e racista da Bíblia -, para justificar suas posições preconceituosas e atrasadas.
Não, não foram esse os ensinamentos cristãos que recebi de meus pais, e que certamente foram responsáveis pela minha formação ética e cidadão. Por isso deputado e pastor Marcos Feliciano, você não me representa, pois, o seu cristianismo certamente não é o mesmo que o meu, que acolhe as pessoas, que respeita os diferentes e que esteve a frente das lutas pela redemocratização do nosso país.
Ter Marcos Feliciano na CDHM é uma estúpida contradição.
Mas, onde estão os nossos deputados, vereadores e lideranças para publicamente expressarem seu repúdio? Em tempos de acordos políticos, grande parte deles preferem assistir de braços cruzados, ou será que comungam dessas mesmas ideias? Lutar ainda vale a pena.
Jornalista, Jeferson Ávila